A Síndrome da Pólvora e a Teologia contemporânea

     O sistema humano-comportamental e religioso baseia-se muitas vezes em diversas informações falsas, que aparentam coerência em seu conteúdo, e por assim serem vistas, são propagadas e não criticadas, formando um complexo de senso comum que leva a sociedade a uma involução inevitável.
          Diante disto, ocorre entre os intelectuais de renome e os críticos de plantão, um fenômeno que sempre vejo passar despercebido entre os grupos sociais. Algo que contagia a massa inteligente da sociedade e desmoraliza ainda mais este didático e negativo senso (o comum).
        Tal fenômeno, se posso assim chamá-lo, denomino de “Síndrome da Pólvora”, pois sua essência encontra-se na “descoberta”, e nada melhor do que a Pólvora para simbolizá-la. Porém, não me refiro a mesma com o seu sentido literal e semântico, mas falo de “descobertas” teóricas, e de homens que não as concluíram por pensar diferente, mas para ser diferente. Homens que assim vão dizer: violência não gera violência ou até que o Aquecimento Global é uma farsa. Tais afirmações podem ser sim fruto de opinião pessoal, mas diversas vezes são resultados desta Síndrome, que os faz pensar: o consenso de todos sempre é uma ilusão.
          Posso citar de forma considerável as palavras de Ed Renê Kivitzs: “De tempos em tempos, surge alguém e ‘prova’ que Deus não existe. Depois disto, aparece outro alguém, e prova o contrário. Com o passar dos anos, o debate deixa de ser sobre a existência de Deus, e passa a ser sobre quem é mais inteligente.” Da mesma maneira, muitos pensadores modernos o fazem, isto é, não focam no bem comum causado pelos seus pensamentos, mas preferem correr atrás da Pólvora, que só os engrandecem pelas palmas, elogios e tapas nas costas..
      Considerando o fato de que este mal não se manifesta em campos exatos como a Matemática e seus derivantes, só a veremos agir naqueles que manipulam ciências interpretativas, como na Teologia os seus Doutores. Esta matéria sim é vítima de enormes Colombos, ou seja, homens que saem e não sabem aonde vão; chegam e não sabem onde estão.
           Concordo que os processos pelos quais uma pessoa recebe, interpreta, retêm, e transmite os dados de sua experiência não são uniformes. Isto significa que a mesma experiência pode ser recebida, interpretada, retida e transmitida pelas pessoas de forma diferente. Sendo assim, não há uniformidade no pensamento humano. Por isso respeito aqueles que pesam diferente de mim. Entretanto, isto não exclui o fato de que o Cristianismo possui fundamentos e pilares irremovíveis, e que estes não podem ser manuseados de forma displicente e equivocada por ninguém, pois não somos mestres do cânon (Bíblia), mas servos dele.
         Mesmo assim, é só visitar qualquer mídia informativa que se verá cada vez mais descobertas esdrúxulas a cerca deste Deus “manipulável” às nossas conveniências. Lembro-me do pedreiro e “Pastor evangélico” Justino de Oliveira, de Serra, na grande Vitória (ES), que começara a ensinar a poligamia por ler a palavra “adultera”, ao invés de “adúltera”, em Oséias 3:1. Se só considerarmos as “sagradas letras”, para explicá-la teremos além da tríade monoteísta: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as múltiplas seitas e seu exclusivismo sectário.
            Vendedores tornam-se apóstolos, e motoristas são consagrados bispos da noite para o dia. Quem será o próximo a fundamentar uma grande Igreja, seja ela universal, internacional ou mundial? Quem será a próxima Coca-Cola do deserto? Nos dias atuais, o que se vê de pior, é a ousada afirmação de uma Igreja contemporânea: “Deus não condena a homossexualidade”. Desta forma, conclui-se que o pluralismo cristão é maior que o religioso, pois todas as suas vertentes imaginam ter encontrado a Pólvora teológica da interpretação.
           A teologia em sua pureza, vem sobrevivendo a ataques desde tempos imemoriais. De início, ela sofreu a bastarda influência do Gnosticismo; depois passou pelo paganismo de Constantino e foi mutilada na Idade das Trevas. Mais tarde foi por completa racionalizada pelo pensamento Iluminista, chegando até nós, como alvo do prazer subjetivo e fonte de engrandecimento intelectual. Assassinaram o evangelho da graça. Assim, só me vem duas indagações a mente: onde está o simplório estudo de Deus nascido na Igreja Primitiva? Onde está a verdade doutrinária dos Pais da Igreja? Se hover resposta plausível, o que escrevi, não faz sentido.

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