Deus estranho

        De fato, são impressionantes e esquisitíssimos alguns atos Daquele que nos diz ser o nosso Criador. Seja pela limitação de nossa mente ou pela real esquisitice deste Deus, sem dúvidas Ele é totalmente estranho.
        Primeiro, Ele criou um ser que indubitavelmente iria se rebelar contra ele, não me refiro ao homem, falo de Lúcifer. Depois, criou outro cara que através da rebelião do primeiro, iria levar não só a terça parte de seus semelhantes, mas todos eles para um castigo eterno: agora, o homem. Sem nos aprofundarmos nestes acontecimentos, o que vem insistentemente à nossa imaginação quando tomamos conhecimento deles é somente uma coisa: Deus não acertou quando criou estes dois formadores de opinião. Quem não acertou fomos nós: Deus é onisciente.
        Pouco tempo se passou e Ele decidiu matar todos estes seres chamados de humanos, exceto uma família que de certa forma o agradara: a de Noé. Fora estas oito pessoas, ele afogou todos em um episódio aquático e trágico denominado Dilúvio. Entretanto, Noé era homem também, e portanto ainda estava contaminado pela rebeldia de seu ancestral. Mas por que Deus não matou a todos sem nenhuma exceção? Por que ele não extinguiu da Terra esta cadeia de desobediência apelidada de pecado? Por que deixou que continuasse da mesma forma? Não tem nexo.
        Muitos anos depois destes ocorridos, recebemos a notícia que de tanto tentar e lidar com esta sua criatura, Deus decidiu resolver o problema pessoalmente: se tornou o próprio homem que havia criado e se rebelado contra ele, para salvá-lo daquele castigo que já era a sua condenação por desobediência. Que coisa sem sentido: antes Deus cria o homem, depois se torna o próprio homem para salvá-lo do que Ele mesmo havia decretado: a sua morte. Mais uma ação incompreensível, diferente e exótica. Não sei!
        Talvez o motivo de tantas incoerências seja a Graça, este amor de graça, esta misericórdia que não passa, enfim: realmente não sei. Mas se penso Nele, me vejo com estas indagações e se não reflito a Seu respeito, acabo sem perguntas e sem respostas. O mais provável é que o ideal seja este: que ninguém O compreenda nem O alcance ou O veja. Afinal, ser Deus é algo único, intransferível e incognoscível. Portanto, para ser estranho para nós não é preciso muito, só é necessário ser transcendente, extra-humano e extraterrestre. É o caso de Deus.

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