O problema da ausência

Responder a chamada é o mais importante. Estar presente, nada mais é para alguns, do que cultuar e estar, de fato, em comunhão com Deus.  Não se pode faltar a nenhum culto, e principalmente os líderes cristãos, que devem assinar os seus nomes na lista de presença das reuniões religiosas e exteriorizadas de nossas Igrejas.

Mas eu não aguento, acabo gritando: não vou me vender ao sistema judaizante da visibilidade, da presença externa, física e superficial. Não vou alongar as minhas franjas e estender os meus filactérios. Orar na praça não é a minha; desfigurar o rosto, a fim de ser visto pelos homens, não faz parte da minha liturgia diária e individual. Quero estar em todas, mas em espírito e em verdade. Pois do contrário, estarei oferecendo sacrifícios de Caim, cultuando os bezerros de Arão e ofertando como Ananias e Safira.
A Igreja cristã, sob o olhar de seus irmãos fracos e inconstantes, se tornou uma mesquita, onde se ajoelha sistematicamente em nome do Alá evangélico. A presença nas cinco orações diárias, é fundamental para a manutenção da fé, da santidade e até da salvação, pois no caso de ausência, além do castigo divino, corremos o risco de sermos julgados pelo inconsciente coletivo dos olhos atentos de todos os presentes. Insuportável ausência de liberdade!

Daí vem o senso insensato da multidão: o comer diário da Palavra e as orações na beirada da cama não são tão importantes assim. Todos querem ver você em ação, sem compromisso algum com a recompensa que o Pai te dá em secreto, isto é, sem a preocupação com a sua real e categórica vida espiritual. Querem que você seja mais um dos que se prostram displicentemente nos bancos e dos que vivem equivocadamente nos púlpitos; não querem saber de sua alimentação da Palavra, nem de suas compreensões de vida cristã; desejam lhe perguntar apenas por que não estava cantando ou onde estava no momento da pregação.
Chega deste controle melindroso! Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Fazer isto, implica em duas concepções: a primeira é que “adorar em espírito”, exclui a necessidade de lugar, roupas, datas e horários para o mesmo, ou seja, você pode fazê-lo onde, com quem, quando e por qual motivo quiser; a segunda diz respeito à verdade, ao propósito que te leva à adoração, isto é, ela pode ser prestada mediante um desejo, uma conveniência, uma gratidão ou infelizmente também, por um medo subconsciente de não ser visto por aqueles que se julgam seus irmãos e que julgam seus irmãos. Insuportável escravidão!

Que pena! Não conseguimos, depois de tantos anos de Reforma Protestante, consolidar uma reforma cristã e pneumática em nossos conceitos hebreus de aparência. Vivemos aparentemente de aparência. A Bíblia debaixo do braço, as vestes sociais pseudossantificadas, as cantorias, os cumprimentos evangelizados, o evangeliquez pronunciado e a presença religiosamente sistemática nos “templos”, só me levam a uma indagação: será que faríamos o mesmo em uma terra de cegos?  Em um lugar em que não fôssemos observados?
Não seja servo dos olhos alheios. Exceto o testemunho, o que as pessoas pensam de você, não é problema seu, é problema delas. Siga as pegadas de Jesus, e adore no templo (você) e no tempo que quiser; pregue nas sinagogas; leia a Bíblia nos montes, ore nos vales e no Getsêmani de seu quarto. Comungue sua fé com verdadeiros irmãos e descanse quando necessário. Seja crente, mas seja gente. Se relacione com incrédulos. Visite locais seculares. Seja sal NA Terra e luz NO mundo. Ir à Igreja, é uma pequena parte importante do Reino de Deus; as outras estão lá fora, clamando pela sua presença.

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